Pontos cruciais para melhorar a PRODUTIVIDADE da equipe

A gestão de pessoas em si traz diversos desafios, seja em empresas privadas ou órgãos públicos, isso porque coadunar pessoas com suas respectivas habilidades, competências e motivações a objetivos que são externos a elas (as metas organizacionais, planos de governo) requer muito dos gestores, desafiando-os a inovar e buscar caminhos que, por vezes, parecem desgastantes e morosos. Enquanto há prazos enxutos e necessidade de entrega de demandas e resultados, temos visto uma crescente queixa de absenteísmo (faltas, atrasos) e também, presenteísmo (quando a pessoa está presente no trabalho, mas falta vigor, proatividade, concentração e comprometimento). Insta dizer que esses comportamentos, são, muitas vezes, sintomas de que o profissional precisa de cuidados específicos com sua saúde emocional, ou ainda, pode ser um sinal de que o ambiente já esteja adoecido, o que pode aumentar, inclusive as chances de Burnout em integrantes dessa equipe. E é justamente nesse ponto que trazer à lume conceitos e estratégias de saúde mental aplicadas ao trabalho, traz benefícios que alcançam trabalhadores e organizações.

Estabelecendo como pilar conceitual que a saúde mental é um estado em que o sujeito consegue atingir bem estar cognitivo, emocional e consequentemente, comportamental, podemos compreender que tal condição favorece que ele externalize maior eficácia no desempenho do trabalho, através de uma boa desenvoltura na interação com o ambiente, demandas, situações e pessoas ao seu redor, mesmo em meio a adversidades.

Pessoas que, em geral, não se sentem valorizadas, ou estão sobrecarregadas, ou ainda convivem em um ambiente hostil, tendem a desenvolver recursos de defesa, como se esquivar da interação interpessoal (menos senso de equipe). Além disso, situações como essa, desencadeiam um processo de estresse, como resposta psíquica para se adaptar à um contexto que exige esforço extra. A questão é que se a fonte de estresse for rotineira, a pessoa pode entrar nesse estado de forma crônica, aumentando o desgaste físico, emocional, gerando irritabilidade e até perda de interesse pelo trabalho, no médio prazo, predispondo à Síndrome de Burnout, que, inclusive, foi considerada como doença ocupacional em 2022, pela OMS (Organização Mundial de Saúde).

Considerando, portanto, que a subjetividade humana está claramente presente nos resultados concretos do trabalho e por sua vez, nos resultados organizacionais, destacamos aqui alguns pontos de elevada importância para que os gestores de pessoal possam se antenar e buscar implementar ações que contribuam para o bem estar e saúde mental:

  1. COMUNICAÇÃO INTERNA – Independente da complexidade hierárquica da organização, seja pública ou privada, todos os integrantes da equipe precisam saber bem o que é esperado de cada um; ter acesso a informações e recursos necessários para seu trabalho; ter a visão macro dos projetos e metas da empresa, conseguindo perceber o estágio em que se encontram no desenrolar da rotina diária. Reuniões periódicas (e produtivas, claro), intranet, quadro de metas, feedback são algumas ferramentas que podem tornar a comunicação mais eficaz e auxiliar que ela não se torne uma fonte de estresse, nem prejuízos.
  2. PROGRAMAS DE QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO - Muitas ações podem ser desenvolvidas nesse eixo e por isso, é interessante analisar caso a caso as necessidades de cada equipe e condições orçamentárias da empresa. Mas, para citar algumas possibilidades e ter um ponto de partida para formular ideias, é possível: melhorar a ergonomia; disponibilizar atendimento psicológico; campanhas de incentivo à atividades física e alimentação saudável; treinamento em saúde mental; ciclo de palestras de saúde em caráter multidisciplinar; sala de repouso para colaboradores que fazem a jornada sem retornar em casa; etc.
  3. INVESTIR NOS PROCESSOS DA ROTINA DE TRABALHO – Frequentemente, as fontes de estresse e conflitos internos estão relacionados a processos internos que atrasam ou dificultam a rotina diária de trabalho: falta de clareza do organograma, ausência ou desatualização do Descritivo de Cargos, ausência de fluxograma das tarefas, jornada de trabalho exaustiva e inflexível, salários defasados. Portanto, atualizar os subsistemas do RH da empresa, acaba sendo um alicerce para ajudar a manter uma cultura de saúde mental e bem estar.

É de suma importância que empresas e órgãos públicos se comprometam com essa temática e adotem medidas para prevenir e tratar problemas que podem afetar o bem estar emocional das pessoas que compõem o espaço de trabalho. As pesquisas mais recentes vêm demonstrando o quanto a forma como o trabalhador percebe sua relação com o trabalho e com a empresa, impacta na sua performance profissional. Portanto, fica o alerta para líderes e gestores em abrir espaço para a humanização no contexto de trabalho; é impossível esperar por resultados sólidos e sustentáveis, sem investir em quem gera os resultados: as pessoas.

 

Simone Rezende Barbosa Pereira

Psicóloga - CRP 18 03334