SINTOMAS E DIAGNÓSTICO DA DEPRESSÃO: TUDO O QUE VOCÊ PRECISA SABER

A depressão é uma doença mental que afeta milhões de pessoas em todo o mundo. É mais do que apenas se sentir triste ou desanimado temporariamente; a depressão é caracterizada por uma tristeza profunda e persistente que interfere na vida diária e na capacidade de desfrutar das atividades cotidianas. A informação e quebra de tabus é um passo crucial para tornar o tratamento mais acessível para a população. Afinal, muitas pessoas deixam de buscar ajuda por se sentirem expostas, sem apoio ou até mesmo por não compreenderem que estão passando por um problema passível de intervenção através da ciência e profissionais capacitados.
HÁ UM GRANDE NÚMERO DE PESSOAS EM SOFRIMENTO, MAS VOCÊ NÃO PRECISA PERMANECER NESSA ESTATÍSTICA
A incidência de depressão no Brasil e no mundo é significativa e representa um desafio para a saúde pública. No Brasil, de acordo com dados do Ministério da Saúde, estima-se que cerca de 5,8% da população adulta tenha depressão. Esses números podem variar em diferentes regiões do país.
Globalmente, a Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que mais de 264 milhões de pessoas em todo o mundo vivam com depressão. Isso representa aproximadamente 3,4% da população global. A depressão é considerada a principal causa de incapacidade para o trabalho em todo o mundo e pode afetar pessoas de todas as idades, gêneros e origens étnicas.
É importante mencionar que essas estimativas podem ser subnotificadas, uma vez que muitas pessoas não buscam tratamento ou não são diagnosticadas corretamente. Ainda existe um estigma associado aos transtornos mentais, o que pode dificultar o acesso aos serviços de saúde e levar a subdiagnóstico e subtratamento.
O impacto da depressão na vida das pessoas é significativo, afetando não apenas a saúde mental, mas também a qualidade de vida, relacionamentos, desempenho acadêmico e profissional, entre outros aspectos. Portanto, é fundamental aumentar a conscientização sobre a doença, estimular a busca por ajuda e melhorar o acesso aos serviços de saúde mental.
POSSÍVEIS SINTOMAS DE DEPRESSÃO
Identificar e compreender os sintomas da depressão é crucial para encorajar a pessoa a buscar ajuda adequada e iniciar um tratamento eficaz. O diagnóstico preciso deve ser feito por um profissional qualificado, da área da saúde mental, sendo este psicólogo ou psiquiatra. Com base em uma análise clínica pormenorizada (que irá considerar a história de vida do paciente, a duração e intensidade dos sintomas apresentados, dentre outros elementos) será feita uma avaliação abrangente, a qual servirá como base para o prognóstico adequado a cada caso específico. Mas, aqui listamos alguns possíveis indicativos para que, caso você se reconheça nessa sintomatologia, busque ajuda qualificada e inicie o tratamento o mais rápido possível.
Segundo o DSM-5 (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais), os critérios para o diagnóstico do Transtorno Depressivo Maior incluem a presença dos seguintes sintomas (durante pelo menos duas semanas, quase todos os dias):
- Humor deprimido: Sentimento de tristeza, desesperança ou vazio na maior parte do dia.
- Perda de interesse ou prazer: Diminuição acentuada do interesse ou prazer em quase todas as atividades.
- Alterações no apetite e peso: Perda significativa de peso sem fazer dieta ou ganho de peso, juntamente com aumento ou diminuição do apetite.
- Distúrbios do sono: Insônia (dificuldade em adormecer ou manter o sono) ou hipersonia (dormir em excesso).
- Agitação ou lentidão psicomotora: Inquietação ou inspiração, ou uma sensação de lentidão em movimentos e pensamentos.
- Fadiga ou perda de energia: Sentir-se constantemente cansado, sem energia ou com diminuição da energia física.
- Sentimentos de culpa ou inutilidade: Sentimentos de culpa excessivos ou inapropriados, ou pensamentos recorrentes de ser inútil ou de estar prejudicando os outros.
- Dificuldade de concentração: Dificuldade em pensar, concentrar-se ou tomar decisões.
- Pensamentos recorrentes de morte: Pensamentos sobre morte ou ideação suicida, com ou sem um plano específico.
Esses sintomas devem causar sofrimento significativo ou prejuízo no funcionamento social, ocupacional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo.
Atualmente, a ciência não dispõe de um exame clínico específico que confirme ou refute o diagnóstico. Por isso, a experiência e capacitação do profissional são tão relevantes. Em alguns casos, o paciente poderá ser avaliado por uma equipe multiprofissional, pois ter a visão para além do sintoma e considerar a integralidade do sujeito, seu contexto de vida e até outras possíveis comorbidades, pode ser decisivo para reestabelecer a qualidade de vida da pessoa.
TRATAMENTO E PERSPECTIVA DE MELHORIA
Quando falamos de depressão, uma dúvida comum é se há cura para o transtorno. No contexto de saúde mental, não falamos categoricamente sobre cura, mas sim de remissão ou não dos sintomas. Pode ocorrer, por exemplo, de uma pessoa vivenciar um episódio de Depressão Maior durante um processo de luto e após a superação dessa condição, não ser notificado nenhum outro episódio depressivo. Outras pessoas, convivem com o sintoma por toda a vida e aprendem a reconhecer os sinais e intervir com os recursos pertinentes ao seu caso, mantendo a funcionalidade de sua rotina e nível de bem estar minimamente comprometido.
Assim, enquanto não falamos sobre cura, dispomos de recursos científicos para o tratamento da Depressão Maior. Este, pode envolver psicoterapia e medicamentos antidepressivos. Mas, a prescrição de um deles ou a combinação de ambos deverá ser orientada pelo profissional responsável (lembrando que apenas o médico está habilitado para receitar medicamentos). Além disso, mudanças de estilo de vida e atividades físicas tendem a ser recursos complementares que auxiliam no fortalecimento do bem estar do paciente, favorecendo os resultados do tratamento.
Não podemos desconsiderar também a importância do suporte social no processo de recuperação no quadro de Depressão. Amigos, familiares e grupos de apoio podem oferecer suporte emocional e prático para aqueles que sofrem com o transtorno.
Nessa perspectiva, abordar a temática de saúde mental dentro das empresas representa uma ação preventiva e remediadora muito valiosa, já que nunca sabemos se uma pessoa próxima a nós poderá vivenciar essa situação. Portanto, a informação e esclarecimentos deve ser pulverizada para todos.
CONCLUSÃO
É importante ressaltar que a depressão não é apenas uma tristeza passageira, mas uma condição de saúde mental legítima e que requer tratamento. Preconceitos e desinformação precisam ser combatidos, pois podem interferir na atitude necessária diante do quadro, por gerar vergonha, autocobrança e evasão às intervenções.
Se você ou alguém que você conhece está tendo sintomas de depressão, é fundamental buscar ajuda qualificada, com profissionais de saúde mental, pois são capacitados para avaliar, diagnosticar e fornecer o tratamento adequado para a depressão.
Além disso, algumas medidas podem contribuir de forma complementar no manejo da depressão:
- Estabeleça uma rotina saudável: Ter uma rotina estruturada, com horários regulares de sono, alimentação adequada e atividade física, pode ajudar a melhorar o humor e o bem-estar geral.
- Busque apoio social: Converse com amigos e familiares sobre seus sentimentos e percepções diante das situações que lhe afligem. Embora os pontos de vistas possam ser muito diferentes de uma pessoa para outra, sentir-se acolhido(a) e ter espaço para se expressar pode ser muito benéfico e fortalecedor.
- Procure desenvolver a Inteligência Emocional: Conseguir nomear as próprias emoções, além estabelecer uma interação positiva entre seus conteúdos internos e demandas do ambiente, ajudam a ser mais resiliente diante das adversidades.
- Cultive o respeito próprio: Caso você esteja passando por um quadro depressivo, não pense que isso é fraqueza, castigo ou falta de fé. Respeitar seus limites e as condições na qual você se encontra atualmente é o caminho mais sensato para lidar com a Depressão e te preparar para o enfrentamento desse transtorno.
Simone Rezende Barbosa Pereira
Psicóloga – CRP 18 03334